Vivemos em tempos obscuros. Com preconceitos tornando-se mais frequentes na sociedade, os artistas estão cada vez mais engajados em questões sociais como homossexualidade, feminismo, a luta pela igualdade de gênero, indo de encontro com problemas como o racismo e a misoginia. E não foi diferente, a partir de 2016, quando Donald Trump assumiu a presidência dos EUA, diversos cantores encontraram na música uma forma de dizer o que realmente queriam. Katy Perry com o seu quarto álbum, “Witness”, Kesha com o aclamado álbum de retorno “Rainbow” foram apenas alguns exemplos que decidiram se posicionar sobre pautas importantes.
Com o Little Mix não poderia ser diferente. As meninas já haviam começado a falar de assuntos com interesse social ainda no “Glory Days”, na faixa “Power”, evocando o poder feminino além da luta LGBTQ+. Porém, elas queriam ainda se desprender desta imagem fofa, cultivada ainda nos seus quatro primeiros álbuns. E com o “LM5”, elas se mostram mais confiantes, falando sobre empoderamento feminino e diversos temas que estão ganhando destaque no mundo.
Com o seu “LM5”, Jade Thirlwall, Leign-Anne Pincock, Jesy Nelson e Perrie Edwards revelam uma maior desenvolvimento em relação ao “Glory Days”. Em todas as 17 faixas, nota-se que elas estão cantando com máximo de vivacidade – talvez por terem participado ativamente da composição do álbum – além de um poder vocal magnífico, algo nunca antes vistos nelas. Por serem jovens e falarem abertamente sobre temas, elas estão se tornando uma voz ativa tanto na comunidade LGBTQ+, como a do feminismo.
Com tantos produtores, o álbum seria uma coisa bagunçada. Errado! Apesar de ter um time para a produção, o registro não se torna obsoleta ou monótomo, com faixas elétricas que poderiam facilmente tocar em qualquer festa. Neste quesito, “Strip”, em parceria com a rapper Sharaya J e “Wasabi” são as faixas mais animadas do registro, sendo difícil ficar parado ao escutar as duas. Além disso, em todas as músicas contidas, o feminismo é amplamente posto em pauta, talvez os maiores exemplos sejam “Woman Like Me”, em parceria com Nicki Minaj, “Strip”, “Joan of Arc”, “Motivate” e “Woman’s World”.
Independentemente destes temas, a paixão se encontra neste álbum. Apesar de muitas faixas serem consideradas girlcrush, o “LM5” é composto por baladas românticas de término ou não, salvo destaque para “Think About Us”, “Monster in Me”, “Told You So”, “More Than Words” em parceria com a cantora Kamille e “The Cure”, esta última sendo a de maior interesse, já que os vocais das quatro estão fortes, tanto na versão normal como a stripped. As músicas “Motivate” e “Notice” ganham ênfase: a forma com elas realçam a música com gosto e trejeitos sensuais sugere o que todos sabemos: elas não são mais as mesmas garotas do seu primeiro álbum, neste quinto trabalho, elas querem a todo custo conquistar um público adulto mais abrangente com as músicas, querendo crescer junto ao seus fãs.
O registro das meninas carrega os gêneros pop e R&B, apesar de algumas músicas conterem a sonoridade latina, porventura, a sua parceria com o grupo masculino CNCO e as três faixas da reedição do “Glory Days” tenham às deixado inspiradas para seguir um som mais comercial e por quê não dizer mais cultural?
O “LM5” é um álbum que apesar de ter sido lançado “colado” com o “Glory Days”, não perde a sua originalidade e a sua essência. Querendo atingir um maior número de pessoas, a produção das faixas não peca e traz batidas mais contagiantes e dançantes, além de mostrar a evolução das garotas, tanto vocalmente como compositivamente, transitando para um som mais adulto e acompanhando o progresso de cada uma das integrantes. O sucesso é pouco para elas, se empenhando em conseguir maiores conquistas com o seu novo registro. Esse é o novo Little Mix.